Esse é o nome dado ao movimento feito com a boca como se fôssemos morder algo, comprimindo os dentes. Com um aumento do bruxismo infantil na pandemia, é superimportante ficar de olho nos sinais que o seu filho dá para driblar o problema.
Você já ouviu falar em bruxismo? A condição, que pode acontecer em adultos também, atinge 40% das crianças por volta dos 6 anos, segundo estudo publicado no Journal of Dentistry for Children. E é justamente na idade pré-escolar que o surgimento do problema é mais comum, porque é nessa fase que as crianças apresentam dentes permanentes e de leite ao mesmo tempo – a chamada dentição mista.
Além disso, em muitos casos, é nesse período que seu filho será exposto a um ambiente diferente do familiar, gerando um gatilho para o estresse emocional. Afinal, passar por tantas mudanças assim – o início da vida escolar, a rotina e a troca dos dentes de leite são só alguns exemplos – não é tão fácil. “O hábito surge principalmente nessa época, em que a criança percorre um período de intensas modificações psicológicas”, confirma Fabiana Turkieniez, mãe de Manoela e odontopediatra.
O ato de ranger os dentes deciduos, ou ainda os dentes de leite, são considerados casos de bruxismo infantil. Segundo o Dr. Fernando Tai, Cirurgião Dentista pela Unicamp, pai de Vitor, Ana Carolina e Gustavo, o problema pode acontecer desde os seis meses de vida, quando ocorre a erupção dos dentes. “Geralmente, o bruxismo dura até os seis anos, quando inicia-se a troca pelos dentes permanentes”.
Para saber se seu filho tem esse hábito durante o sono, a dica de Fabiana é ficar de olho no comportamento dele e alguns indícios que podem surgir: “Produção de sons durante a noite, dor de cabeça, ouvidos e dor ao mastigar podem indicar a condição. Se o bruxismo for intenso, podem aparecer até desgastes na superfície dos dentes”. Ou seja, ficar esperta com a aparência dos dentes dele e dar sempre aquela conferida também é superválido. Segundo Fernando, o bruxismo também pode ser assintomático, por isso é muito importante ficar de olho caso a criança fale sobre algum incômodo na região. “Em casos mais intensos, além do desgaste, pode ocorrer até mesmo a fratura, ou seja, a quebra do dente”, completa o especialista.
O bruxismo pode ser observado de dia ou à noite, durante o sono. “De dia, as causas mais comuns são problemas respiratórios, como rinite, por exemplo, ou até gástricos. Já à noite, a maioria dos casos está relacionada ao estresse, por conta da sobrecarga de atividades, responsabilidades, ou mudanças no ambiente e rotina”, comenta a dentista Isabella Mendes, mãe de Carolina. Fernando Tai comenta que o bruxismo infantil é um problema cada vez mais frequente. Segundo a Associação Brasileira de Odontologia, ele costuma acontecer entre 30% a 40% dos casos. “O bruxismo está diretamente ligado ao estresse, ansiedade, distúrbios do sono, distúrbios psicológicos e psiquiátricos e ao estilo de vida moderno. Falta de atividade física e lúdicas na pandemia aumenta ainda mais os casos de bruxismo. Porém, é importante também alertar que o excesso de atividades pode gerar estresse na criança e potencializar o bruxismo infantil. É importante ter o equilíbrio”.
Como diz o velho ditado: melhor prevenir do que remediar. Por isso, segundo indicação de Alexandre Bussab, cirurgião-dentista da Clínica Brasil Smiles, a prevenção pode ser feita retirando mamadeiras e chupetas, já que elas podem modificar a posição dos dentes. Outros fatores que podem desencadear a condição são respiração bucal, desvio de septo, hereditariedade e alimentos que exigem muito da mastigação, como balas e chicletes, por exemplo.
Tratar o estresse e a ansiedade das crianças também é um bom caminho para evitar o bruxismo infantil – e muitas outras condições de saúde que podem ser consequências desses sentimentos. Por isso, a odontopediatra Fabiana Turkieniez separou algumas dicas para você, pai ou mãe, ajudar seu filho a lidar com essas sensações.
Algumas dicas para aliviar o estresse infantil antes de dormir são: uma música relaxante na hora de dormir pode acalmar os nervos e garantir uma noite de sono mais tranquila; A leitura – que se for conjunta, é ainda melhor – também pode ajudar a desacelerar; Um banho quente antes de dormir também pode relaxar corpo, mente e alma!
Essa é a forma mais comum de bruxismo durante a infância. “Ocorre de forma involuntariamente durante o sono fazendo sons de raspar o dentes e até estalos. Normalmente de acordo com o desenvolvimento da criança o bruxismo infantil pode desaparece. Porém nesta época de pandemia, infelizmente houve um aumento significativo do problema, tanto infantil, como nos pais e mães”, comenta Fernando. Em 2020, quando comparado com 2019, o termo “bruxismo” teve um aumento de 80% nas buscas do Google. Junto com a pandemia, vieram mais preocupações e também ansiedade por causa do isolamento social, podendo ter mais casos de rangimento dos dentes de maneira involuntária durante a noite.
O diagnóstico oficial de bruxismo infantil é geralmente feito pelo dentista, que pode avaliar também o nível do desgaste dos dentes (se for o caso). Por isso, um tratamento multidisciplinar, envolvendo dentistas, psicólogos e pediatras, pode ser o mais indicado. Então, caso seu filho apresente qualquer tipo de desconforto na região maxilar, não hesite em procurar um médico especialista.
A prática de esportes pode ajudar a combater o hábito, assim como evitar o uso de smartphones, tablets ou TVs próximo à hora de dormir também. E isso, porque as telas deixam as crianças em estado de concentração muito prolongado, tanto que podem acabar apertando e rangendo os dentes mais do que o de costume. “O uso de placa acrílica pode ser indicado, o que impedirá o contato entre os dentes e permitirá o relaxamento da musculatura e das articulações. Em crianças, ela deve ser de acetato, que é um material mais flexível e o uso será por um período restrito, como de dois a seis meses”, esclarece Fabiana. Uma outra alternativa para os casos leves é apostar na terapia de florais. “São muito indicados e o uso de óleos essenciais e similares ajuda muito. Nos casos mais severos deve-se tratar com o uso de placas ajustáveis ou aparelho ortodôntico para ajustar-se ao desenvolvimento da criança”, completa Fernando. Agora, quando a razão é por causas emocionais, a terapia é o mais recomendado. Nela, é possível acompanhar a situação psicologicamente e cuidar da ansiedade ou estresse, por exemplo, que agravam o problema.
Segundo Fernando Tai, o tratamento com botox na infância não é recomendável por causa da idade. “Temos alternativas muito melhores e mais efetivas de tratamento com uso florais, aromaterapia, homeopatia e muitas outras formas de tratamento menos invasivas que o Botox”. Na fase adulta, pode ser um tratamento indicado, mas sempre com intermediação do seu cirurgião dentista.
Apesar do bruxismo infantil não ter uma cura total, é possível amenizar os sintomas. Mas, antes de começar qualquer tratamento, é superimportante a avaliação de um dentista para indicar quais são as melhores opções para a criança. São elas: uso de placa de bruxismo, também conhecida como placa de mordida ou miorrelaxante, aparelhos ortodônticos e terapia.
Mesmo durante a infância, há o risco de desgaste excessivo dos dentes e, até mesmo, fraturas e perdas. “O diagnóstico multidisciplinar é sempre bem vindo. Podemos indicar uma avaliação do pediatra, de um psicólogo, um nutricionista e demais profissionais para obter o diagnóstico correto e o melhor tratamento para nossos filhos”, conclui o Cirurgião Dentista.
Fonte: Pais & Filhos 24/03/2021
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