A ozonioterapia é uma terapia natural que utiliza o ozônio como princípio ativo. Tem um caráter bio-oxidativo, promovendo a oxidação e assim estimulando o sistema imunológico a atuar de maneira mais efetiva. A capacidade oxidante do ozônio é uma das principais características deste gás, proporcionando uma importante e efetiva ação contra vírus, fungos e bactérias, de tal forma que não existem na literatura científica relatos de resistência bacteriana.
A melhora na resposta imunológica acontece graças ao aumento do metabolismo celular, potencializando a reparação e acelerando o processo de cura.
Em termos práticos e levando em consideração essas características básicas do ozônio, clinicamente ele pode ser utilizado em praticamente todas as especialidades da Odontologia. Quadros inflamatórios e infecciosos são perfeitamente mediados e conduzidos a um estado de normalidade proporcionado pela estimulação imunológica.
A utilização clínica do ozônio é relativamente recente, embora esse composto químico tenha sido descoberto em 1840, pelo químico alemão Christian Friedrich Schönbein (1799-1868). Na Odontologia, os primeiros estudos datam de 1950, quando o Dr. Edward Fisch utilizou ozônio diluído em água para o tratamento de abscesso periodontal. Desde então, vários estudos comprovam a efetividade clínica da ozonioterapia – sempre como complemento ao tratamento odontológico convencional ou como terapia integrativa, nunca como terapia substitutiva de qualquer procedimento terapêutico básico.
Alguns estudos laboratoriais e clínicos demonstram a aplicação da ozonioterapia na endodontia, por exemplo. Quadros de periodontite apical são mais rapidamente solucionados se associados ao protocolo tradicional de irrigação a água ozonizada e, em seguida, a aplicação do ozônio na forma gasosa. Um estudo clínico e comparativo dos protocolos com e sem o emprego de ozônio, realizado na Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, comprovou a efetividade dessa associação. Além da remissão da imagem radiográfica ter sido estatisticamente superior com o ozônio, o tratamento revelou-se isento de efeitos colaterais ou adversos.
A cirurgia também é beneficiada pelos efeitos bioestimuladores da ozonioterapia. A literatura descreve uma melhora da cicatrização quando da irrigação do alvéolo pós-extração com a água ozonizada, por exemplo. A utilização da mesma água para a colocação de implantes, no pré, trans e pós operatório também é documentada pela literatura. No tratamento de alveolites, o óleo ozonizado apresenta grande efetividade. As necroses por uso de bisfosfonatos têm sido tratadas pela ozonioterapia, com alto índice de sucesso, efetividade e baixo custo. Esses resultados foram observados em diversos centros de pesquisa.
A periodontia apresenta uma diversidade de estudos laboratoriais e clínicos que embasam e confirmam a efetividade da ozonioterapia. O trabalho de prevenção pode ser empregado com bastante segurança e, dessa forma, a água ozonizada apresenta um eficiente papel no bochecho.
Esses estudos mostram que em quadros de periodontite, a Raspagem e Polimento Coronário Radicular (RPCR) apresenta resultados mais efetivos quando realizada com o óleo ozonizado aplicado na bolsa periodontal e seguida pela raspagem associada à irrigação com água ozonizada, além de infiltração do gás ozônio na bolsa. Tal protocolo culmina com a reinserção das fibras do ligamento periodontal à superfície radicular mais rapidamente, quando comparado com o protocolo tradicional.
O tratamento da cárie dental reúne a mais ampla linha de pesquisa da ozonioterapia dentro da Odontologia, envolvendo a maior quantidade de trabalhos científicos registrados. Graças à potente ação antimicrobiana do ozônio, o tratamento da cárie dental pode contar com uma nova abordagem terapêutica, menos agressiva. Trabalhos mostram que 20 segundos de aplicação do gás são suficientes para remover 99% das bactérias presentes em processos incipientes de cárie.
Outros trabalhos mostram que em situações de cárie mais profunda, a associação da água ozonizada com o gás ozônio apresenta efetividade comprovada, aumentando a eficiência do processo restaurador, reduzindo a sensibilidade e tornando mais efetiva a ação do material adesivo.
Por ser uma terapia natural, a ozonioterapia é segura. Um levantamento feito pela Associação Alemã de Ozonioterapia pontuou como efeito colateral a percentagem de 0,0007%. Comparativamente, pode-se analisar a terapia com o ácido acetilsalicílico que apresenta o percentual de efeito colateral de 0,2%. Na utilização odontológica, os efeitos adversos da ozonioterapia são mínimos.
Desde 2006, a Associação Brasileira de Ozonioterapia (ABOZ) tem empenhado esforços para disseminar a técnica, apoiando pesquisas e oferecendo cursos informativos sobre o tema.
Por meio da Resolução 166 /2015, publicada no Diário Oficial, o Conselho Federal de Odontologia reconheceu a ozonioterapia como habilitação, o que a torna passível de emprego pelo cirurgião-dentista habilitado. A partir de então, foi criada a Comissão de Ozonioterapia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo, a fim de colaborar na integração do conhecimento e ampliar os horizontes terapêuticos da Odontologia.
Publicado por: CROSP - Conselho Nacional de Ozonioterapia de São Paulo
Parte de:
Revista do CROSP
2017,
Nº6
p.73-74
Invisalign e ortodontia
(11) 3151-5600